domingo, 18 de setembro de 2016

Gatilho



Gatilhos, sempre os achei duros demais. Minhas unhas antes inexistentes junto aos dedos machucados e sensíveis somente pioravam o ato. O peso, a mão fraca, o cansaço nos braços. Gatilhos, disparadores insuportáveis. Onde ter paixão por eles? Só sendo louco. E talvez eu seja. Pois hoje os dedos não estão mais machucados, as unhas existem, o peso é ineficiente frente a força e rigidez dos braços. E eles continuam existindo. Disparados. Ora sim, acertando. Ora sim, machucando. Ora sim, matando. E afinal, de que adianta? De que importa? Um disparo, um acerto, um erro? A técnica, a postura, mira? De nada! Eles são repetinos! Continuam sendo disparos. Continuam assustando. Fazendo barulho.

E é assim que eles seguem seu caminho, projetil sem destino certo, lançado. Sorte, azar do que o encontrar. É, eu sei, macabro isso, não é? Eu disse, sou louca, ou melhor, talvez seja. Porém toda a questão por trás disso, é algo mais, é só interpretação. O que para muitos pode soar tortura. É subjetivo, é lindo ou feio. Beleza é relativa. Mas ainda tenho e sinto os efeitos dos gatilhos incertos da vida. E concentro meus disparos nisso, palavras. Por linhas tortas, sem riqueza, escritora de domingos tediosos e aulas monótonas.


"É preciso pouco, uma frase perdida, uma música, um dia. 
A saudade.
Basta lembrar de quem sou ou fui. Ou não. 
São os disparados, assim do nada, do dia-a-dia.
É a vida."

Entrega de uma alma

Entre o visto e o não visto Entre o digo e o não digo Entre o sentido e o não sentido Sei que Estás em tudo Desde que mundo é mundo Desde o ...