domingo, 18 de fevereiro de 2018

Raízes e Asas

Saindo de casa
Essas coisas começam nos pensamentos, nas histórias que primeiro fantasiamos.Saindo de casa para ir às aulas de reforço na rua de trás, comprar coisas para os pais na padaria, mercadinho e sacolão, indo à igreja para a catequese e a missa, para a rua brincar e explorar.
E assim foi indo, brincadeiras mais distantes e passeios de bicicleta além. Até o dia que a escola ou cursos não eram mais à 2km de distância, que não havia mãe ou pai para levar e condução para buscar. 
Foram aumentando as distâncias e o mundo sendo visualizado sob tantas formas, cores, tamanhos e perigos.
 Por vezes assustadores e cansativos dentro de conduções lotadas e trajetos infinitos.
Não sei ao certo o momento em que perdi o encanto pela cidade do Rio de Janeiro.
 Foram nas conversas sobre as outras alternativas em que me vi tentada, porém sem coragem suficiente. Sair de casa era mágico nessa época. Ser militar e independente era um meio para crescer. 
Passei meu curso de formação já me confortando  com a ideia de não voltar ao Rio. 
Estava esgotada com todos os choros que aquelas conduções me fizeram dar na espera por qualidade de vida.
 Meu ensino médio foi uma linha tênue entre os bons momentos e absorção maravilhosa de conhecimento com um estresse absurdo por faltar energia e tempo.
Foi quando sair e ver outros lugares me tornou mais criteriosa 
O que eu não imaginava era o quão complicado era sair de casa. 
Pois, bairro e cidade são coisas concretas. Casa não é. Lar não é concreto. É transcendente. É amor. É família.
 É você, sou Eu. Acho ainda hoje, passados 6 anos, não ter saído de casa realmente. 
A gente saí da escola, do trabalho, da faculdade e até de relacionamentos. Porém de casa, não. 
Você cria asas, mas as raízes permanecem ali. Quando sustentadas por sentimentos verdadeiros perdura para sempre.
Os primeiros anos são os mais difíceis, e apesar do montaréu de informações e obrigações novas que surgem, 
o vazio permanece se você mora sozinho. O aprendizado e evolução são únicos, a sensação de liberdade e auto conhecimento parece inesgotável e repleto de possibilidades. 
Me sentia realizada com toda a novidade, porém domingos continuavam sendo domingos, a saudade batia ainda mais por não acordar com o som na rádio Jb Fm ou com o barulho da vassoura batendo nos móveis.
 A adolescência nos reveste de coragens que, servem para dar esse empurrãozinho para o ‘crescer’, pois não é fácil. Dói e machuca, e querendo ou não, perto ou distante, 
conforme crescemos e aprendemos a lidar com os dilemas da vida,
 nos sentimos sozinhos diante das difíceis escolhas a se fazer pelo caminho.
A caminhada deixou de ser tão dolorosa com o passar do tempo, amadurecimento e crescimento pessoal e profissional, a estabilidade cria segurança. 
A verdade é que quando você sai de casa, não significa necessariamente caminhar sozinho, vivi a companhia e partilha. Hoje, percebo que a vida se encarrega de tomar seu rumo. Nada é para sempre e que para tudo há uma razão de ser. 
Sigo meu caminho hoje com companhia e companheirismo numa nova casa, um novo lar, 
com novos sonhos e planos, realizado dia após dias para meus futuros filhos o reconhecerem como sinônimo de raízes.

Entrega de uma alma

Entre o visto e o não visto Entre o digo e o não digo Entre o sentido e o não sentido Sei que Estás em tudo Desde que mundo é mundo Desde o ...